Tesouros arqueológicos

28/10/2011 00:28

Um segredo escondido no subsolo do edifício Arnaldo Dubeux, antigo prédio-sede da Bolsa de Valores de Pernambuco e da Paraíba, no Bairro do Recife, está sendo desvendado pela equipe de arqueólogos que faz a restauração do prédio. Peças como cachimbos, louças de porcelana, ossos e ruínas de antigos sobrados da época da colonização holandesa foram encontradas durante as obras de escavação da fundação do prédio. Por enquanto, as peças estão sendo catalogadas e identificadas de acordo com o período ao qual pertencem. Elas deverão ser expostas na inauguração da Caixa Cultural, espaço de exposição e artes que está previsto para entrar em funcionamento no primeiro semestre do próximo ano no local.

O material arqueológico está sendo coletado desde o início da restauração, em março de 2010, e faz parte do acervo do Sítio Arqueológico do Bairro do Recife, de acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “São objetos de uso pessoal, utensílios domésticos e outros artigos. Houve um trabalho de coleta, e agora estamos analisando todos eles. Só com a inauguração do prédio poderemos expor as peças”, explicou a gerente de marketing da Caixa Econômica Federal, Tereza Miranda. Inicialmente, acredita-se que as peças sejam dos séculos 16 e 18, mas técnicos do Iphan devem ser enviados ao prédio, na próxima semana, para analisá-las.

“Ainda não fomos comunicados sobre a descoberta desse material, mas sabemos que a área é de Sítio Arqueológico e possui diversas ruínas embaixo das atuais estruturas visíveis”, explicou o superintendente do Iphan em Pernambuco, Frederico Almeida. Segundo ele, a possibilidade de haver achados arqueológicos embaixo do edifício Arnaldo Dubeux foi estudada desde o começo da obra. “Fizemos um mapa da área para encontrar esses objetos. Aquele é uma área onde houve uma intensa modificação urbana a partir de 1910, com a modernização do Porto do Recife, e vários sobrados antigos foram derrubados”, contou. Por enquanto, o material está sob supervisão dos arqueólogos da empresa de engenharia consultiva da obra, a Concremat. Duas plataformas de vidro serão criadas para que o público possa transitar pelas ruínas.

Restauração // O antigo prédio da Bolsa de Valores irá integrar o circuito de centros culturais que a Caixa está criando no País. De acordo com o diretor regional da Concremat, Layete Barreto, as obras estão na fase de acabamento. A edificação de estilo neoclássico teve a fachada recuperada, as duas cúpulas recolocadas, e o piso do térreo refeito em granito polido.

Saiba mais

O Edifício Arnaldo Dubeux, na Praça do Marco Zero, bairro do Recife Antigo, foi construído em 1912 para abrigar o Banco de Londres
Foi planejado pelo arquiteto francês Georges Henry Munier, em estilo neoclássico
A Bolsa de Valores de Pernambuco e da Paraíba adquiriu o imóvel em 1976
Ele é tombado desde 15 de dezembro de 1998 pelo Patrimônio Nacional
2,935,05 m2 é a área total do prédio
914,24 m2 é a área do térreo
O local servirá de espaço para um dos 8 centros da Caixa Cultural

Ele abrigará:

3 salas de exposições
1 museu (com obras do acervo do banco, recepção, guarda-volumes, bilheteria, sanitários e hall de carga e descarga)
1 cafeteria
1 teatro de 202 lugares (sendo 54 no mezanino), com foyer, camarim individual e bastidores
1 sala de exposição
Salas de oficina e dança

 

 

Fonte: Diario de Pernambuco

Imagens: BLENDA SOUTO MAIOR/DP/D.A PRESS