Inspirada na arquitetura indígena, casa tira partido da paisagem exuberante de Angra

19/11/2011 10:35

O cliente foi bem claro: não queria uma casa que custasse uma fortuna para passar os dias disfrutando da paisagem no quiosque. A solução da dupla de arquitectos do escritório Mareines + Patalano, Ivo Mareines e Rafael Patalano, foi criativa e muito bem recebida. O projeto tomou a forma de uma residência que exalta o que há de mais essencial na herança indígena brasileira, uma oca tradicional Kaiamurá.

 
Essa vocação pode ser vista na forma e na distribuição dos ambientes da casa, e percebida na livre relação do espaço construído com seus habitantes e com o meio natural. “Essa estética satisfaz às demandas climáticas da região, tal como aconteceu com os nossos antepassados", explica Ivo Mareines um dos autores do projeto.
 
A vista aérea revela as seis "folhas" que formam o telhado e também definem a distribuição dos ambientes da casa em Angra dos Reis, desenhada por Mareines + Patalano
 
A Casa Folha tem uma piscina que surge na parte frontal do jardim, acompanha a varanda principal e termina no terraço posterior como um suave espelho d'água.
 
Aberta ao mar, recebe brisa fresca diretamente do oceano e compartilha a paisagem.
 
Pé-direito alto e ausência de paredes, são essenciais para promover a circulação livre da brisa do mar, que resfria a Casa Folha mesmo em um clima cálido e úmido como o de Angra dos Reis.
 
Os dormitórios têm a privacidade oferecida pelo segundo pavimento, mas nem por isso são herméticos. Grandes janelas de vidros curvos proporcionam vista panorâmica e luminosidade, controlada por cortinas de material natural.
 
Os arquitetos fizeram uso extensivo de materiais naturais como madeira e bambu. A madeira reveste as paredes internas de banheiros e quartos e o bambu foi aplicado na treliça que recobre o forro.
 
 
No térreo estão localizados os pontos de maior interesse social da casa. Por ali se circula livremente em ambientes abertos e sem paredes. O entorno é parte ativa do interior. O jardim ladeia os terraços e os adentra; a piscina pede passagem para atravessar o espaço: começa no jardim, cruza a varanda frontal e termina como um espelho d’água na parte posterior. Lá está o que a equipe de arquitetos apelidou de lounge brasileiro, uma sala de descanso com cinco redes dispostas em semicírculo.
 
Os quartos estão no piso superior, mais privativo, mas nem por isso são ocultos ou fechados. Ao contrário, se abrem ao mar por meio de enormes portas-balcão de vidro curvo que, abertas, dão acesso a terraços. Toda a parte interna dos dormitórios, bem como a dos banheiros, foi revestida com madeira. Não resta dúvida do favoritismo dos arquitectos pelo uso de materiais em estado natural, sem muitos acabamentos.
 
Atração principal
O telhado -ponto alto do projeto- tem cinco “pétalas” dispostas em círculo e ligadas pelo centro, formando uma flor. A estrutura empregou vigas curvas de eucalipto e a cobertura é um grande quebra-cabeças feito de um sem-fim de pequenas peças de pinus, encaixadas com harmonia. A forma e o tamanho do teto foram desenhados para proteger os ambientes internos da insolação direta.
 
Com a ajuda da brisa que a casa recebe direto do mar, do pé-direito alto e da ausência completa de paredes divisórias no pavimento térreo, o conforto térmico é garantido durante o ano todo. Angra dos Reis tem um clima bastante quente e úmido, mas não é necessário o uso do ar-condicionado. "Os moradores nos contam que raramente fazem uso dos dispositivos", afirma Rafael Patalano.
 
Para suportar estruturalmente esse design tão elaborado, foram usados grandes pilares de aço corten, que aportou grande flexibilidade à construção. Por uma dessas colunas, localizada no centro da edificação  (como acontece na oca) são recolhidos cerca de 50% da água da chuva do telhado para utilização em aplicações como rega do jardim.
 
Muitos dos materiais, como o bambu, cobre, madeira, aço, vidro e pedra, foram aplicados em seu estado natural e adquiridos de fornecedores dentro de um raio de menos de 500 km.
 
Essa diversidade de texturas e acabamentos confere ao projeto um ritmo orgânico e combina com o ambiente. Foi assim que quis o proprietário que, agora, certamente se sente no paraíso.
 

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