47º Salão de Arte de Pernambuco destaca obras de grandes dimensões

29/11/2011 09:45

Artista Fábio Okamoto

Dividido em duas grandes exposições, o 47º Salão de Arte de Pernambuco será inaugurado nesta terça-feira (29), com a exibição da primeira mostra, às 19h30, no Museu do Estado de Pernambuco. O evento privilegia artistas que apostam em linguagens contemporâneas das artes visuais, numa mescla de fotografias, vídeos, desenhos, e inclui também pinturas em técnica mista sobre papel do homenageado do 47º Salão, Jairo Arcoverde. O tributo, entretanto, parece meio acanhada, oferecendo pouco espaço para que o público possa conhecer mais o trabalho do artista pernambucano.

 
Quase todas as obras do Salão se destacam pela tentativa de criar um apelo visual forte. Isso significa que a exposição traz poucas peças de visual minimalista ou intimista, que pudessem transitar com discrição ou exigir um esforço maior de apreciação por parte do público. As paredes que marcam os dois acessos à mostra – organizada na parte superior do Anexo Cícero Dias do Museu do Estado – são tomadas por obras de grandes dimensões.
 
Na entrada do elevador, está uma série de Jeims Duarte que mostra o destino de objetos – batizados de Urbólides – deixados à toa em ruas movimentadas do Recife. O trabalho parte da interrogação “Como não perder de vista o destino da minha cria?”, escrita ao lado de uma tela pintada em estilo convencional, ironicamente datada de 1897. Ao lado da tela, encontram-se três possibilidades.
 
Em Reposta 1: o GPS, Jeims mostra dois Urbólides equipados com GPSs escondidos, que foram abandonados e depois rastreados. Ele segue os objetos e os fotografa em seus novos cenários e condições de uso. Em Resposta 2: o detetive, ele anexa ao conjunto de fotografias de três peças cartas do detetive contratado para observar o destino das criações do artista. Por fim, ele define a Resposta 3: o museu. Com esse projeto, Jeims aponta questões que se relacionam com o circuito de legitimação da arte e com a estranheza causada pela arte contemporânea, dificilmente decodificada pela população – que se apropria dos objetos para dar-lhes novas finalidades.
 
Na outra entrada da sala, no acesso que se dá pela escada, estão em primeiro plano uma enorme fotografia da Cia. de Foto e uma instalação de desenhos e vídeos de Maria Eduarda Belém. A primeira, batizada de Natureza, leva para o Museu do Estado um pedaço do Parque Tenente Siqueira Campos, mais conhecido como Parque Trianon, que à primeira vista parece uma reserva intocada de Mata Atlântica, mas é na verdade um pedaço deslocado de natureza fincado na Avenida Paulista, uma das mais movimentadas de São Paulo. Apenas um detalhe de um bebedouro deixa entrever que os indícios de floresta são irreais.
 
À esquerda da fotografia, que cobre duas paredes do museu, está disposto mais um trabalho em larga escala, assinado por Maria Eduarda Belém. A artista desenhou a grafite uma parede inteira da sala de exposição. As imagens reproduzem ornamentos de prédios antigos, alguns trazem símbolos ligados aos templos maçons do Recife. A artista selecionou outro elemento ligado à maçonaria, as acácias, para realizar um vídeo, projetado sobre os desenhos. Assim como na cidade, os adornos que passam quase despercebidos à população também só podem ser vistos entre as folhas e flores das árvores, vez por outra, de acordo com os brancos que surgem de tempos em tempos no decorrer do vídeo.
 
Fonte: NE10